Transcrevo aqui a matéria a respeito
das cartas recentemente descobertas do século XVII entre (1680 a 1706), para
quem desconhecia desse fato, as cartas foram achadas em excelente estado de
conservação e alguns exemplares nunca chegaram a serem abertas. Podemos considerar como um verdadeiro "tesouro" descoberto!
O baú em que as letras foram mantidos Fotografia: Museu de Haia para a Comunicação |
Um
baú com 2.600 cartas, 600 delas nunca abertas, datadas de 1680 a 1706,
começaram agora a ser lidas e estudadas levantando o véu para aquilo que era a
sociedade europeia no fim do séc. XVII.
Um
baú carregado com milhares de cartas com origem e destino na Holanda nunca
entregues nem abertas, datadas do século XVII, foi finalmente aberto e as
respetivas cartas lidas e estudadas. O conteúdo representa um pouco daquilo que
era a sociedade europeia neste período histórico. A coleção inclui
correspondência de pessoas das mais variadas fatias da sociedade, desde
aristocratas, espiões, comerciantes, atores, músicos até camponeses.
O
estudo permitiu tornar público o apelo desesperado de uma mulher, provavelmente
grávida, ao homem que seria o pai da criança. O homem, um mercador rico em
Haia, recusou-se a aceitar a carta por, alegadamente, saber que esta traria más
notícias. A situação desta mulher nunca foi conhecida, até hoje, 300 anos
depois.
Conta o jornal The Guardian que o documento estava
destinado a um mercador judeu em Haia e tinha sido escrito por uma mulher em
nome “de uma amiga comum”. Esta “amiga” era uma cantora na ópera de Haia que
mais tarde se mudou para Paris, onde descobriu a gravidez. Ao saber da notícia
a atriz queria pedir dinheiro ao mercador, e provavelmente pai da criança,
para regressar à cidade.
O
destino da cantora é desconhecido. A única coisa que se sabe é que o envelope
estava marcado “niet habben”, o que significa que o homem se recusou a ler a
carta e que esta nunca foi aberta.
Você
pode adivinhar sem dificuldade a verdadeira causa do desespero dela. Eu não
consigo colocá-la em palavras; o que tenho de lhe dizer é tão excessivo.
Contente-se com o pensamento nisto, e com o regresso dela para a vida
financiando-o”, pode-se ler na carta destinada ao mercador judeu em Haia.
Rebekah
Ahrendt, da Universidade de Yale, contou ao Telegraph, que “muitas destas pessoas eram
praticamente analfabetas. Algumas contrataram escritores de cartas
profissionais, mas a maioria está escrita por gente comum que escrevem as
palavras foneticamente e nos seus próprios dialetos”.
A coleção inclui cartas de aristocats, espiões, comerciantes, editores, atores e músicos. Fotografia: Museu de Haia para a Comunicação |
Um dos selos em uma carta. (© Signed, Sealed & Undelivered Team, 2015. Cortesia do Museu voor Communicatie, Haia) |
Apesar
de apenas ter sido aberto agora, o baú foi entregue a um museu dos correios em
Haia em 1926. Quase 90 anos depois as 2.600 cartas, 600 delas nunca
tendo sido abertas, estão a ser estudadas por uma equipa internacional de
académicos da Universidade holandesa de Leiden, Oxford, MIT e Yale. Utilizando
modernas técnicas de scanning foi
possível examinar os conteúdos sem abrir ou danificar nenhum dos envelopes
selados.
Daniel
Starza Smith, da Universidade de Oxford, afirma que há “qualquer coisa nestas
cartas que nos faz sentir que apanhámos um momento de história
conservado como numa fotografia,” antes de explicar que muitos dos autores
destas cartas, datadas de 1680 a 1706, “eram pessoas que viajavam pela Europa,
como por exemplo músicos ou exilados religiosos. O baú preservou cartas de
muitas classes sociais, e de mulheres e homens.”
A
maior parte dos documentos que sobreviveu a este período registou as atividades
das elites – aristocratas e os seus burocratas, ou mercadores ricos. Assim,
estas cartas contam-nos coisas novas sobre uma importante secção da sociedade
europeia do final do século XVII. Estes são o tipo de pessoas cujas memórias,
frequentemente, não sobreviveram, pelo que esta é uma oportunidade
fantástica de ouvir novas vozes históricas”, Daniel Smith da Universidade de
Oxford.
Para
além de casos pessoais, muitos dos documentos referem-se à agitação política e
social da época. São muitas as pessoas que avisam sobre roubos à beira da
estrada ou se queixam de discriminação religiosa.
REFERÊNCIAS:
- http://brienne.org/
(Site oficial sobre a descoberta das cartas);
- http://observador.pt/2015/11/09/comecam-lidas-estudadas-cartas-do-seculo-xvii-nunca-entregues-abertas/
(Site Português referente a matéria);
- http://www.independent.co.uk/news/world/world-history/300-year-old-letters-found-in-leather-trunk-shed-light-on-life-in-the-17th-century-a6726736.html
(Link sobre a matéria no Jornal – Independent do Reino Unido);
- http://www.theguardian.com/world/2015/nov/08/undelivered-letters-17th-century-dutch-society
(Link da matéria no jornal The Guardian da Inglaterra).
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